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Do Rio​.​.​.

by Miguel Tela

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1.
ReEncontro 04:07
2.
Orlando Codeço (Para além da cor) Ilusão de Óptica Além, Onde o rio se confunde Com o verde, verde das margens Hesito... É que não sei Se o rio bebe a paisagem Ou se é ela que o afoga...
3.
Do Rio... 02:59
4.
Torneio 02:48
5.
6.
7.
Tomaz de Figueiredo, (2003) Poesia I, Viagens no meu Reino Morro de amor por minha pátria Língua que, sabes - como sabem Aquilinos - eu dominava como gente grande. Morro de amor pelo meu pátrio Minho, pela vila dos Arcos, pela Casa de Casares, onde a minha infância dorme, onde esperei, feliz, envelhecer, escrevendo mais livros, sempre livros, onde cuidei morrer e, como Goethe, pedindo luz e luz, sempre mais luz, de janelas rasgadas sobre o Vez... [...] Fausto, vais passear no Rio Vez, o meu rio, aquele que embalou a meus amores, meus versos e meus barcos, e não Letes, mas Rio da Lembrança, Rio do Eterno, Rio da Saudade, Rio da Poesia que estrebucha em mim...
8.
Paganismo 03:18
9.
Paisagem 00:49
Virgílio Amaral (Bagos de Luz) Paisagem Nas frias tardes de outono, Arrancadas pelo vento, As folhas secas caídas, Rolam mortas pelo chão... Nesse funério abandono, As folhas secas, caídas, Sem valimento E sem dono, São a vida doutras vidas... Nas frias tardes de outono, As folhas secas, caídas, A rastejarem no chão, Procuram dormir o sono Da sua renovação...
10.
11.
Sem margens 00:31
Carlos Cunha (Porque a Lua se Quebrou) Sem margens Um dia, os rios levarão as margens, E as aves, o orvalho Da manhã nos barcos. E sem limite, a água Deixará de cantar O naufrágio das fontes Nos teus lábios. Estátuas Pedras com sede, Que infinito vos dará de beber?
12.
Cheia 03:11
13.
14.
Vá de Roda 03:05
15.
Foral 04:16

about

Os múltiplos cursos de água que atravessam montes e vales, ora em caudais velozes e impetuosos, ora em leitos brandos e serenos, assumem, aos olhos dos artistas, uma existência transcendente. Símbolo do Tempo, o rio é místico;. Seria fastidioso enumerar a convocação de poetas, de músicos, de pintores que se entregaram às emoções que o rio neles desperta, mas lembremos em Camões o seu majestoso Tejo, em Fernando Pessoa “o rio que corre na minha aldeia” em Strauss o seu Danúbio Azul; e qual o pintor que fica indiferente à paisagem edénica maquilhada por um rio bucólico? Esta comunhão dérmica com o rio estimula, no artista, uma forma particular de ver o mundo, acciona o seu lado mais nobre e puro, como seiva que serve de alimento às artes irmãs, a Poesia, a Música, a Pintura.
Vêm estas reflexões a propósito do conteúdo deste CD, visando assinalar as Comemorações dos Quinhentos Anos do Foral, concedido pelo rei D. Manuel, a Arcos de Valdevez. Conjuga música instrumental, poesia lida e canções com letras de poetas arcuenses. Dele constam cinco temas instrumentais – Torneio, Reencontro, Do Rio, Reflexos do Vez e Foral -, que apresentam, quer sonoridades imponentes, de construção densa, quer outras mais melódicas, remansosas como o Vez, ou de cariz mais popular. Convocados os autores António Ribeiro, António Cacho, Albertina Fernandes, Diogo Bernardes e Nurmi Rocha, foram seleccionados poemas, tendo, de um modo geral, as águas do Vez a servir de espinha dorsal aos temas que desenvolvem: ressonância das Cantigas de Amigo, da Poesia Trovadoresca, na “garridice dos moços e das raparigas do povo”; o ciúme do Rio Vez, ao sentir-se preterido pelo sujeito poético, na luta pela posse da terra que banha; descrições de paisagem – vale fresco e verde, ambiente bucólico, ao gosto da mediania dourada do período Clássico, onde dois rios, o Lima e o Vez, dialogam e se unem num só, e assim seguem até ao mar; a sensualidade de corpos que se tocam, sendo o Vez testemunha desta felicidade pagã; o Vez, dilatado pela força das chuvas, servindo de ponto de comparação para a força do sofrimento do sujeito poético, cujo caudal interior suplanta o das águas.
Há ainda a leitura de poemas de outros autores arcuenses - Virgílio Amaral, Carlos da Cunha, Orlando Codeço, José Terra e Tomaz de Figueiredo: paisagens outonais, com folhas que atapetam o chão “como vidas de outras eras”, que não voltam, ao contrário da Natureza, que cada ano se renova; a finitude do ser humano, que tem na Natureza uma aliada, porque um dia também “os rios levarão as margens” e as águas deixarão de cantar; ilusões de óptica – o rio a confundir-se com o verde das árvores que nela se projectam; a vida humana, no seu irreversível caminhar, na vivência de sonhos que correm como o rio, “sem limites”, convidando ao carpe diem, ao aproveitar “os dias até à última migalha”, numa aceitação tranquila da “noite” a que ninguém poderá furtar-se; o fascínio que as águas do Vez exercem sobre o poeta, que as sente, porque lhe embalaram “amores”, “versos” e “barcos” e que ele classifica como o Rio da Saudade e da Poesia, que continua a alimentar-lhe a vida e a não o deixar soçobrar.
A poesia aqui plasmada é a voz do Vez. É no seu canto doce que um abraço intemporal acaricia paisagem e pessoas, levando ao “reencontro” de sentimentos perdidos no tempo. O Vez está na Poesia, está nas Pessoas, nas Paisagens, na Música que inspira.
Se o Foral deu unidade administrativa e territorial a esta região, o Vez deu-lhe unidade estética, afectiva e existencial.

credits

released July 27, 2017

Composição: Miguel Fernandes*

*excepto: Reflexos do rio - Gil Milheiro

Arranjos e Orquestração: Miguel Fernandes
Produção: Miguel Fernandes

Músicos:
Abel Gonçalves: Flautas
Álvaro Silva: Trombone
Carlos Pinto: Saxofones, Gaita de Foles
David Silva: Acordeão:
Gil Milheiro: Piano
Miguel Fernandes: Bateria
Miguel Fernandes: Guitarras, Bandolim, Guitarra Portuguesa, Baixo, Harmónica, Viola Braguesa Percussão, Guitarra Midi
Paulo Gaspar: Baixo
Sílvia Mota: Voz
Tiago Ferreira: Trompete

Poemas lidos por Gil Milheiro e Manuela Melo

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Miguel Tela Arcos De Valdevez, Portugal

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